Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, que atende crianças com câncer em Belém

Defensoria e CRM apuram denúncia contra o Hospital Octávio Lobo, em Belém Uma vistoria realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará e pelo Conselho ...

Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, que atende crianças com câncer em Belém
Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, que atende crianças com câncer em Belém (Foto: Reprodução)

Defensoria e CRM apuram denúncia contra o Hospital Octávio Lobo, em Belém Uma vistoria realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará e pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-PA) apontou falhas estruturais e administrativas no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), unidade gerenciada pela Organização Social Instituto Diretrizes, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A ação realizada no último dia 20 de outubro. Os relatórios, obtidos pelo g1 Pará, revelam infiltrações, goteiras, mofo, pisos escorregadios e mobiliário sucateado em diferentes setores. Em nota, o Hoiol informou que tomou conhecimento do relatório emitido pela Defensoria Pública do Estado do Pará na tarde desta sexta-feira (24) e que o documento está em análise pelos setores jurídico e técnico da instituição. O hospital reafirma o compromisso com a transparência e a melhoria contínua da assistência oncológica pediátrica no Pará. Acompanhe o canal do g1 Pará no WhatsApp Leia as notícias do estado no g1 Pará Vistoria encontra falhas estruturais no Hospital Octávio Lobo, em Belém. Reprodução Ainda segundo nota, o Governo do Pará, realizou nesta quarta-feira (22) a entrega oficial de duas novas salas, de tomografia e de raio-X, e de um conjunto de equipamentos hospitalares ao Hoiol. A ação representa um investimento de R$ 5,7 milhões e fortalece o atendimento de alta complexidade para crianças e adolescentes em tratamento oncológico e marca mais um avanço na modernização da rede estadual de saúde. Segundo os fiscais do CRM, o hospital não está “livre de graves ameaças à segurança do paciente”, e há condições que “não são conformes às normas da Anvisa e do Conselho Federal de Medicina”. Também foi confirmada a ausência de Comissão de Ética Médica e de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), obrigatórias em unidades de alta complexidade. Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém. Rodrigo Pinheiro / Ag.Pará Outro problema relatado na inspeção é a alimentação considerada de baixa qualidade, descrita como “gelada, gordurosa e servida com alimentos ultraprocessados, como salsichas”. No setor odontológico, a equipe constatou falta de pia, compressor e cadeira giratória, o que levou o consultório a funcionar de forma improvisada. Profissionais ouvidos pelos fiscais relataram atrasos no pagamento de serviços médicos e a inexistência de vínculo trabalhista estável, por contratações via pessoa jurídica. O relatório técnico-social elaborado pelo Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (NAECA), da Defensoria, reforça que, embora o atendimento médico seja considerado satisfatório, há demora no setor de laboratório e baixo número de oncologistas pediátricos. Famílias de pacientes que vêm do interior do estado apontaram falta de apoio do programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e ausência de Casas de Apoio em Belém, o que obrigou algumas delas a custear hospedagem por conta própria. Diante das constatações, a Defensoria encaminhou um ofício à secretária de Saúde do Estado, Ivete Gadelha Vaz, e à diretora-geral do hospital, Sara Thuany Brito de Castro, cobrando 15 medidas urgentes. Entre elas estão: reparos nas infiltrações, goteiras e pisos; realocação do laboratório para espaço mais amplo; retirada da rouparia e do armazenamento de alimentos de dentro das enfermarias; contratação de auxiliar para o setor odontológico e aquisição de novos equipamentos; criação das comissões obrigatórias de Ética, Óbito e CCIH; melhoria na alimentação dos pacientes; realização de concurso público para fixar os profissionais do hospital; regularização dos salários e vínculos médicos. A Sespa e a direção do hospital têm dez dias para responder se acatarão as recomendações. A Defensoria pede que, caso haja recusa, sejam apresentadas justificativas técnicas ou jurídicas formais. O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo foi inaugurado em 2015 e é referência no tratamento de câncer infantojuvenil na Amazônia, com 89 leitos, sendo 10 de UTI pediátrica. No dia 22 de outubro, o governo estadual anunciou investimento de R$ 5,7 milhões em novas salas de tomografia e raio-X e equipamentos hospitalares, com o objetivo de modernizar a unidade e ampliar a capacidade de atendimento. VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará